Quem não se move, não sente as correntes que o prendem. (Rosa Luxemburgo).

domingo, 11 de abril de 2010

Bem vindo a esse quintal!

Olá, quer dizer,
Nem sei se alguém lerá isso, nem sei se escrevo para alguém ou para mim, enfim...
Finalmente me arrisquei a fazer um blog. Sempre arrumava uma desculpa, mas a principal delas era que eu não sabia fazer um. Não sabia e pronto. Isso me confortava.
Ah, e vocês já devem ter lido o objetivo deste blog, né! Falar das histórias invisíveis de nós mulheres. Esse tema sempre passou pela minha vida. Na pele, na pena, nas cadeiras da faculdade e nas arenas de luta... o ser mulher é um enigma... duro, belo, opressor, forte... O que é ser mulher?
E no sábado passado dia 03 de abril, ao som de uma chuva santista interminável, fui testar (me testar, na verdade). Que mal pode haver em tentar? Se tem até receita de strogonof - que dá certo - na internet, também deve ter para fazer um blogzinho.
Bem, vamos lá: Barra de busca Google (ai que máximo esse Google) e pronto, lá estava eu com a receitinha de como fazer um blog legal. Pois não é que eu consegui mesmo!
E assim passei meu domingo, ou parte dele, né! Ouvindo meus vinis do Chico Buarque e aprendendo a fazer um blog! Coloquei imagem, escrevi, pintei, mexi e remexi como criança brincando com aquarela. Minha criação, um instrumento, um elo... precisava ter um nome (será que simulei um parto, “instintivamente, maternal-feminino?Diriam alguns que faz parte da nossa “natureza”?)
Uma palavra não saia da minha cabeça: quintal. Pelo seguinte: na noite de sábado fui assistir um show do Dominguinhos aqui em Santos. E num dado momento lindo do espetáculo ele tocou aquele música do mestre Sivuca, feita em 1947, e que o Chico pôs letra na década de 60 – João e Maria.
“Agora eu era herói e meu cavalo só falava inglês. A noiva do cowboy era você além das outras três; eu enfrentava os batalhões, os alemães e seus canhões, eu ensaiava o rock para as matines... Agora era fatal, que o faz de conta terminasse assim, Pra lá deste quintal é uma noite que não tem mais fim. E você sumiu no mundo sem e avisar, agora eu era um louco a perguntar o que que a vida vai fazer de mim...”
E lembrei de um curta muito legal “acorda Raimundo, acorda” – fala sobre as relações de gênero e o papel socialmente atribuído para as mulheres e homens – e tem uma cena na qual dois homens, representando o papel de mulher, se encontram no QUINTAL, estendem a roupa lavada no varal e trocam sal e segredos. Um espaço “genuinamente” de mulher (realmente não me recordo do meu pai no quintal, a não ser em dia de sol e churrasco)!!
Assim encontrei o nome para meu elo: quintal de mulher! O espaço onde podemos trocar sal e segredos, o espaço onde as mulheres se encontram e principalmente onde se reconhecem. E todas se reconhecem: aquelas que dizem adorar sua missão Amélia, outras que resistem, aquelas que se viram nos trinta e tem dupla e tripla jornada, aquelas que dizem que nunca irão se render ao matrimônio e à maternidade... mas que também podem se estranhar: afinal qual mulher levanta as seis da manhã e arruma os filhos e ajeita a casa e sai correndo para trabalhar?
Bem, é assim que começo. E confesso também, estou ansiosa!
Espero encontrar-me com você, fique a vontade e entre nesse quintal!!!

Alê Lopes.