Quem não se move, não sente as correntes que o prendem. (Rosa Luxemburgo).

quarta-feira, 16 de março de 2011

Diário

Hoje é dia 18 de fevereiro de 2010. Estou num espaço chamado "nosso escritório". São livros,  textos, CD's, filmes e memórias tantas acumuladas nesses longos caminhos vividos. Lembro-me muito de Wirginia Wolf e seu texto "Um teto todo seu"...
Lembrei-me de tantas outras grandes escritoras que, na ponta de sua pena, eternizaram histórias de loucura, solidão e histeria tão reais que vivemos nós mulheres.
Uma solidão implacável de saber-nos mulher. Solidão que se arrasta da pele ao peito, do coração à consciência... Pois hoje, mundo líquido e passageiro, parece que se foi o espaço para o compartilhar a vida, o eu, o medo, a esperança.
Eu acredito numa construção tão dialética e ideológica que chega a ser real. De utopias vivem as "devassas"... Mas sob as circunstâncias podres dessa sociedade, não há nenhum homem - para mim que sou heterossexual - capaz de compreender  a exatidão dessa ideia. Quem sabe encontremos um deles que aceite tentar, quem sabe?
Seguindo o passo largo da humanidade, sinto meu amor vilipendiado. Às mulheres nos foi negado o direito ao amor verdadeiro, desalienado estão todos os sentimentos humanos, porque antes nos foi usurpado o direito ao respeito, à dignidade e a sinceridade. Com belos nomes, as Ninfas foram paras nos bordéis! Pois, em nome da moral, mancharam nossa pele e nossa história com odiosas nomenclaturas das doenças mentais . E foram as Joanas, as Ofélias, as Wirgínias, as Rosas, Alexandras, Luizas e Chiquinhas que ousaram despir-se e virar os ombros aos senhores fálicos desse mundo.
Hoje, adora meus furinhos na perna e esses pequenos sinais que já aparecem na face vivida. São a expressão de alguém que embora não tenha sido ninguém, foi mais forte e honesta que outros tantos.
Pelo direito à vida
Ao pão 
Ao chão
E ao Amor sem F...
... de Fálico!