Preciso dizer uma coisa sobre a qual meus olhos não querem
ser vistos, porque o olhar pode ser tão mais poderoso que as palavras.....
É sobre esse olhar que quero dizer. Um olhar medusiano que
fulmina meu coração logo na primeira hora de um dia chuvoso do primeiro dia de
uma longa e laboriosa semana. Vontade de voltar para trás, de chorar alto, de
acabar sem começar...
Por que tamanho desamor por minutos que não nos pertence?
Por que trazer a ditadura e a disciplina odiosa do labor para o amor? Por que
tanta corrida e tantas dores pelos músculos se não se podemos despertar a manhã
com o principal deles? O sorriso, penso, deve ser o exercício do coração...
E para que panturrilhas alienadas e desamadas??
Assim, meu amor refugia-se, a cada manhã dessas, num canto
qualquer do meu mais nobre músculo, e o faz para que não seja roubado por um
passante qualquer ou para que não seja entristecido pelo seu ser amado.
Não se vence a vida estando só. Não se vence a vida minando a própria vida.
A delícia do fim de semana se esvai nas águas que meus olhos não choraram hoje...
A delícia do fim de semana se esvai nas águas que meus olhos não choraram hoje...